Colaboração em Rede e Educação

 “Ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo; os homens educam-se entre si, mediados pelo mundo” Paulo Freire.

             Desde os primórdios da sociedade a escola se tornou um espaço social aonde um grupo em desenvolvimento e formação constrói seus conhecimentos, habilidades e seu ser cidadão. Os antigos gregos utilizam o termo Paidéia para designar a formação do homem e da cidadania tendo a razão e a virtude como fundamentos. E a Escola desde essa época até a atualidade é o espaço aonde os indivíduos em formação se desenvolvem.

            Segundo CASTELLS, a compreensão da transformação social que ocorre a cada dia e que se intensificou nas últimas duas décadas pelo desenvolvimento tecnológico, em especial da internet, criou condições para uma nova organização social baseada em redes de comunicação digital. Há alguns anos se dizia que no futuro pensar em internet e estar conectado seria como o peixe perguntar se existe água. Assim, a corrida tecnológica e sua desigualdade no mundo globalizado nos permite a perspectiva de análise de sociedades em transição e sociedades informacionais com as relações em rede concretizadas. Na realidade brasileira, ainda distante das sociedades informacionais como a dos EUA – entre outros países desenvolvidos –, a sociedade em transição necessita considerar seu contexto específico e realizar seus valores para se beneficiar da revolução tecnológica, e para isto são necessárias políticas públicas que adaptem a sociedade ao novo mercado de trabalho considerando o perfil autônomo e flexível deste trabalhador como também reformar os paradigmas e paradoxos do sistema de gestão e relações de trabalho. É neste contexto que o autor propõe uma reconversão total do sistema educativo que considera novas formas de tecnologia, pedagogia, conteúdos, organização de processos de ensino e de aprendizagem que se baseie no modelo de aprendizagem continuada com enfoque na criatividade e na inovação.

            A colaboração em rede na construção do conhecimento numa sociedade globalizada enfrenta dilemas como os limites da democracia da comunicação impostos pelo controle político, econômico e social. As potencialidade e limitações deste processo adquirem características diferenciadas no âmbito escolar da Educação. Assim, a escola precisa: do processo participativo e da gestão democrática para acompanhar os processos de transformação social, do professor em constante formação continuada, da tecnologia aliada ao cotidiano escolar colaborando para o processo de aprendizagem considerando o aluno como protagonista e autônomo, enfim uma mudança em todos os níveis e domínios da Educação.

A Educação em Rede apresenta conceitos reformulados e novos criados para se realizar enquanto transformação social. Por exemplo, neste contexto temos um conceito que é a Grade Curricular Aberta, conceito pioneiro ainda no Brasil, que propõe e promove, através de laboratórios interdisciplinares, a participação e colaboração social para a reformulação de ementas de disciplinares regulares da grade curricular modificando conteúdos, didática, atividades, metodologias, referências bibliográficas, enfim todas as formas de desenvolvimento da disciplina na busca de romper os limites da escola e da universidade muito além dos seus muros promovendo uma comunicação ampla entre a escola e a sociedade.

De acordo com o professor Milton Santos, a Globalização em um mundo cheio de conflitos pode ser representada como fábula, perversidade ou até como possibilidade. Estas três esferas que revelam um mundo tal como nos fazem crer, em contraste com a realidade do mundo e, por fim, o mundo como ele pode ser. Apesar das mudanças de paradigmas, a miscigenação cultural podem causar efeitos colaterais como a chamada naturalização que indica as quebras de fronteiras e barreiras culturais, linguísticas e sociais. Ora, frente a este fenômeno, assim como outros similares, é fundamental considerar as especificidades e contextos culturais para buscar tanto nas sociedades em transição como nas sociedades informacionais o caminho das reformas e mudanças para que não se perca a identidade cultural neste processo.

Por fim, na busca por uma Educação em Rede devemos considerar a Educação de forma que seja integrada, autônoma e colaborativa com os processos sociais, considerando o aproveitamento das inteligências coletivas como base para a reformulação dos processos de ensino e da educação. A revolução tecnológica nos últimos anos ocorrida nas Tecnologias de Informação e Comunicação, as chamadas TICs, são importantes instrumentos desta mudança, entretanto não são por si só. É, sobretudo, a mudança do comportamento cultural do indivíduo frente as estes instrumentos que permitirá que possamos realizar as potencialidades deste novo mundo.

 

Referência:

CASTELLS, M.; CARDOSO, G. A Sociedade em Rede: Do Conhecimento à Acção Política. Disponível em <https://ead2.sead.ufscar.br/mod/resource/view.php?id=223998&gt; acesso em 11 de nov. de 2017.

Qual é a Escola do Futuro. Disponível em <http://www.correiobraziliense.com.br/escolhaaescola/escola-dofuturo-escolha-a-escola/&gt; acesso em 11 de nov. de 2017.

Conceito de Paidéia. Disponível em <http://www.educ.fc.ul.pt/docentes/opombo/hfe/momentos/escola/paideia/conceitodepaideia.htm&gt; acesso em 11 de nov. de 2017.

Paidéia. Disponível em <https://www.infoescola.com/educacao/paideia/&gt; acesso em 11 de nov. de 2017.

SANTOS, M. Globalização Milton Santos – O mundo global visto do lado de cá. Disponível em < https://www.youtube.com/watch?time_continue=698&v=-UUB5DW_mnM&gt; acesso em 11 de nov. de 2017.

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